Analise do artigo e produção do texto: Bárbara Esteves das Neves  – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – CV Lattes

Colaboradores:

O artigo em questão aborda a utilização de determinadas práticas do Yoga e do Ayurveda na profilaxia da COVID-19, com uma abordagem voltada para à aplicação na saúde pública.

Referencia do artigo: https://www.liebertpub.com/doi/full/10.1089/acm.2020.0129 

INTRODUÇÃO

Os autores iniciam com uma contextualização sobre a COVID-19 (artigo publicado em 2020), salientando que o estado de pandemia trouxe grandes desafios para os sistemas de saúde e, por este motivo, existem diversas pesquisas em andamento, que buscam estratégias terapêuticas para o combate da doença. Os autores trazem a crítica, de que a grande maioria das pesquisas são direcionadas, quase que exclusivamente, para o ataque do agente, ou seja, para atacar o vírus e para a imunização, onde mais uma vez o enfoque dado é na doença, a qual parece ter maior destaque do que o próprio indivíduo.

O indivíduo é um dos fatores mais importantes na dinâmica da doença, principalmente quando na abordagem integrativa, como é o caso do Ayurveda. Ter uma abordagem de intervenção medicamentosa é importante, mas não se pode desconsiderar, questões como o estilo de vida e as condições de vida daquele indivíduo em especial. Nesse ponto, entra a questão da promoção da saúde e da profilaxia, sugerindo intervenções personalizadas, baseadas no indivíduo e nos fatores externos em que ele está submetido.

OBJETIVO

No artigo, os autores buscam elencar práticas, que tem potencial na diminuição do risco de infecção e de complementar o tratamento dos indivíduos já acometidos pela COVID-19.

METODOLOGIA

Foram relacionadas práticas descritas na literatura do Yoga e do Ayurveda, com o potencial de contribuir na profilaxia e como auxiliar no tratamento da COVID-19. As práticas foram divididas em duas, considerando seu efeito: local e sistêmico.

DISCUSSÃO/RESULTADOS

Práticas de efeito local:  1) Consumo de água morna ou água medicada: Esta é uma prática comum no Ayurveda, que tem como objetivo, facilitar a digestão de AMA, que são considerados produtos pró-inflamatório originados de desordens metabólicas do corpo e que são relacionados com o aumento da suscetibilidade de infecção. Está água pode ser medicada, através da inclusão de plantas medicinais e especiarias, contudo a escolha depende diretamente da condição específica de cada indivíduo.

2) Kavala e Gandusha: o gargarejo e o buchecho, são práticas que utilizam óleos vegetais para fazer a limpeza da cavidade oral, da faringe e da região tonsilar. Essas práticas propiciam a formação de uma cobertura na mucosa, uma espécie de biofilme na região, que tem um papel primordial no controle de agentes infecciosos, como a COVID-19, pois estas são portas de entrada do vírus. O Yoga tem uma prática semelhante, conhecida como Jala Neti, onde é realizada a limpeza nasal com água salgada.

3) Nasya: É um procedimento do Ayurveda que prevê a aplicação de óleo vegetal medicado ou manteiga Ghee nas narinas, que assim como o bochecho e o gargarejo, atua através da formação de uma camada semelhante a um biofilme, servindo como uma barreira de entrada para o vírus.

4) Inalação de vapor: O uso de óleos aromáticos, como por exemplo, o mentol, influencia o muco e pode auxiliar na redução da congestão nasal e inflamação.

Práticas de efeito sistêmico:  O Ayurveda contempla diversas medidas de intervenção não medicamentosa, o que é fundamental para a manutenção do bem-estar de forma geral. Dentre essas, os autores destacam, o sono, o relaxamento mental, o estilo de vida e a prática do Yoga.

Com relação à dieta, os autores enfatizam a ingestão de alimentos frescos e da estação, que podem incluir especiarias que auxiliam na digestão, como o gengibre, o alho, a mostarda em grão e sementes de cominho.

Com relação ao Yoga, esta prática é citada pelos autores com três frentes: o movimento do corpo através dos ássanas; técnicas respiratórias que são os pranayamas e procedimentos, conhecidos como Kriya Yoga.

Outro ponto é o relaxamento mental, onde a meditação pode auxiliar, visto que os autores informam já existirem estudos publicados, que mostram que a meditação é capaz de reduzir marcadores inflamatórios e marcadores específicos para a resposta imune de vírus.

 O Ayurveda tem uma linha de cuidado chamada de Rasayana que é direcionada ao rejuvenescimento de tecidos, relacionada com a imunomodulação do corpo. Este tratamento, juntamente com uma dieta balanceada e a um estilo de vida adequado, podem ser grandes aliados no estímulo da imunidade, atuando na profilaxia de infecções de forma geral, incluindo a COVID-19. O tratamento, que inclui o uso de plantas medicinais, é definido com base no indivíduo.

CONCLUSÃO

Os autores finalizam com a expressão “é melhor prevenir do que curar” e mostram que as intervenções propostas são simples e podem ser utilizadas de forma ampla em ações de saúde pública. Os governos podem estimular, uma vez que se trata de práticas viáveis, de boa aceitabilidade e acessíveis do ponto de vista financeiro. Também, é possível se fazer em larga escala e a adoção destas, auxilia no desenvolvimento de um ambiente mais saudável para que todos possam viver.

COMENTÁRIOS

Apesar do artigo ter sido escrito com o foco na pandemia de COVID-19, as ações propostas trazem benefícios em quaisquer circunstâncias. Um bom estado de saúde é construído através de pequenas práticas realizadas no dia a dia, ou seja, independentemente se o indivíduo está doente ou saudável, é importante que tenha em sua rotina diária práticas voltadas para a manutenção da saúde.