Evento promovido pela Organização Mundial da Saúde reuniu representantes de oito países. O CABSIN apresentou iniciativas promovidas para qualificar a sistematização e implementação de evidências.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu, em janeiro, a Conferência “Integration of Traditional, Complementary, and Integrative Medicine (TCIM) in the Institutionalization of Evidence-Informed Decision-making (EIDM)” (Integração da Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa na Institucionalização da Tomada de Decisão Baseada em Evidências).
O evento, sediado em Bangkok, Tailândia, contou com transmissão online, reunindo profissionais de saúde, pesquisadores e formuladores de políticas de diversas regiões do mundo, incluindo Austrália, Canadá, Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Índia e África do Sul, além dos anfitriões tailandeses. A atividade, organizada pela Unidade de Evidência e Aprendizado do Centro Global de Medicina Tradicional da OMS, fez parte do Prêmio Prince Mahidol 2024. O encontro permitiu a troca de experiências de diversas instituições, destacando a crescente importância da institucionalização das políticas de saúde informadas por evidências, incluindo iniciativas como a Rede EVIPNet e ferramentas como a lista de verificação da OMS para o uso rotineiro de evidências no processo de formulação de políticas.
A conferência também serviu como uma plataforma para discutir os desafios e oportunidades na implementação de práticas de MTCI nos sistemas de saúde, destacando a necessidade de uma abordagem descolonizadora da ciência. Isso envolve a adoção de metodologias que valorizem tanto o conhecimento tradicional quanto as evidências científicas, como métodos mistos e realismo crítico, além da utilização da inteligência artificial para uma abrangente compilação de evidências sobre PICS. O workshop participativo, parte da programação do evento, proporcionou um fórum para os participantes explorarem os próximos passos no apoio à inclusão das MTCI nas políticas públicas. Este diálogo enfatizou a importância da colaboração entre países, instituições e especialistas para superar barreiras e promover a adoção de práticas de MTCI informadas por evidências em uma escala global.
A presidente do Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (CABSIN), Drª. Mariana Schveitzer, foi convidada pela OMS para representar a organização no painel “Comments on implications of the inclusion of TCIM in EIDM institutionalization and citizen engagement initiatives” (Comentários sobre as implicações da inclusão das MTCI na institucionalização do EIDM e iniciativas de engajamento do cidadão). Durante sua participação, Mariana apresentou as iniciativas realizadas pelo CABSIN, destacando a elaboração de 28 mapas de evidências de efetividade, que sintetizam cerca de 2.000 Revisões Sistemáticas sobre o efeito das intervenções MTCI nos resultados clínicos. Esses mapas alcançaram mais de 39 mil visualizações na plataforma científica da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS/BIREME), demonstrando o impacto significativo dessa produção na comunidade científica e na prática clínica.
Ela também ressaltou a incorporação das evidências em MTCI geradas pelo mapa de Dor Crônica, produzido pelo CABSIN e BIREME a pedido da OPAS, e as opções de tratamento relacionadas no protocolo clínico de dor da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Com isso, o município passou a reconhecer as MTCI no tratamento de dor crônica nos Centros de Referência. “Entendemos que essa experiência serve como um farol, demonstrando o impacto tangível da incorporação de PICS orientadas por evidências robustas em um sistema de saúde universal”, ressalta Mariana.
Em sua apresentação, enfatizou a importância de uma abordagem integrativa, que harmonize a sabedoria da medicina tradicional com o rigor da validação científica, e a utilização de inteligência artificial para mapear as evidências de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). Mariana destacou o processo de implementação das práticas MTCI, seguindo as etapas propostas pela Dra. Laura Boeira, do Instituto Veredas, abrangendo governança, padrões e processos rotinizados, além de parcerias, ação coletiva e apoio.
Dentre as atividades programadas durante o evento, houve ainda sessões focadas na avaliação da situação global e análise crítica da tradução do conhecimento relacionado às MTCI e sua incorporação nos processos de implementação das MTCI nos serviços de saúde. Um workshop participativo também debateu os próximos passos no apoio à inclusão das MTCI nas políticas públicas.
AUTORES
Anderson Machado
Jornalista
Willian de Andrade
Design e direção arte
