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Conceito Comitê de Saúde e Espiritualidade

Conceito de Comitê de Saúde e Espiritualidade

A integração entre ciência, arte, filosofia e espiritualidade ganha especial ênfase nos tempos atuais. Pesquisadores e pensadores do mundo inteiro têm buscado interpretações para alcançar este que seria um vórtice transdisciplinar essencial e desta forma abordar a complexidade do Universo e da Consciência, questões fundamentais nas diversas civilizações de todos os tempos. Em tal busca estão envolvidos profissionais de várias áreas que integram o cuidado à saúde, à saúde mental e à promoção da qualidade de vida das populações, investindo em pontes que interliguem de forma profunda e colaborativa os mais variados saberes.

Compondo o leque do Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (CABSIN), o Comitê Temático de Saúde Mental e Espiritualidade tem como objetivo precípuo reforçar a tendência atual de integração do conhecimento, em especial aquela relativa à saúde mental e à espiritualidade.

Os pressupostos da nossa discussão estão representados não só pela orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que preconiza a promoção da saúde mental dentro de uma abordagem ampla, transdisciplinar e transcultural, mas também nas conclusões do Relatório Lalonde (Canadá), que contempla como elementos do campo da saúde a biologia, o ambiente, o estilo de vida e a organização da assistência sanitária, bem como a responsabilidade de cada indivíduo em mudar seus comportamentos para melhorar sua saúde e da comunidade. “Sou o que sou pelo que nós somos” (Filosofia Ubuntu).

Cabe ainda reforçar alguns aspectos positivos e propositivos das atitudes humanas, como a resiliência, a transcendência, a autoestima e a autonomia, seja relativa a pessoas ou a comunidades, frente aos determinantes do processo saúde-adoecimento, além de ações e estratégias de prevenção de doenças e promoção do bem-estar e da qualidade de vida.

Uma visão profunda do binômio saúde mental e espiritualidade não poderia deixar de incluir os aspectos históricos da humanidade, os contextos socioculturais dos diversos grupos humanos, os avanços da neurociência, o conhecimento das civilizações atuais e antigas, as abordagens filosóficas e as diversas visões do sagrado e do transcendente.

A equipe deste Comitê está, portanto, diante de um desafio teórico e, mais ainda, um desafio de aplicação prática: integrar abordagens terapêuticas que valorizem e contemplem a diversidade e o aspecto transcendente do ser humano. A cisão entre o corpo, a mente e o espírito, que dominou a civilização ocidental nos últimos séculos, reduziram a concepção complexa da consciência humana ao modelo biomédico hegemônico. O desafio é acolher pessoas e comunidades, ajudando-as na superação do sofrimento e na potencialização do crescimento, da generosidade, da amorosidade, da compaixão e do exercício do respeito mútuo.

Nas últimas décadas tem havido um crescente número de pesquisas e publicações científicas sobre o tema da relação entre espiritualidade e saúde, tendo sido amplamente analisada a influência das práticas religiosas, contemplativas e da espiritualidade no processo de cuidado integrativo da saúde e saúde mental. São muitos estudiosos e pesquisadores, são inúmeros os centros de pesquisa dedicados a ampliação do tema e da sedimentação de pontes entre os saberes (KABAT-ZINN, 1991; PULCHALSKI,2001; NEWBERG e WALDMAN,2009, 2016; PARGAMENT, 2011; KOENIG, 2015; MOREIRA-ALMEIDA e LUCHETTI, 2016; JUNG, 2017;  NICOLELIS, 2020, e muitos outros.)

Nossa proposta consiste em promover ações, fomentar pesquisas e partilhas de experiências baseadas nas correlações entre espiritualidade e saúde mental, integrando suas especificidades e conexões com a ciência, a filosofia, a arte e a cultura, incluindo as ferramentas da neurociência, da neurologia, da psiquiatria, da psicologia, da antropologia e da teologia, entre outras. Essas conexões estão integradas de forma transdisciplinar às chamadas ciências emergentes, que incluem a nova física, a nova biologia, a nova cosmologia, as ciências noéticas, o estudo dos campos sutis, associando conhecimentos sobre matéria, energia e o Universo em sua totalidade.

Por uma definição de Saúde Mental

Saúde Mental é um estado dinâmico, e sempre em evolução, caracterizado pela forma como a pessoa se coloca frente às exigências da vida e ao modo como harmoniza suas capacidades, talentos, ideias, emoções e necessidades. Trata-se de uma capacidade, em permanente construção de enfrentar os desafios da existência em função da própria realização histórica, metafísica e transcendente; envolve a capacidade de mediar as exigências internas e o respeito às convenções histórico-sociais, que são contingentes. A saúde psíquica é assim constituída e influenciada por escolhas, hábitos de vida, fatores sociais, políticas públicas, cultura, natureza, relações, além da própria espiritualidade. (avaliar referência)

Saúde Mental comporta uma teia de significados individuais e coletivos coexistentes em torno das manifestações que passam pela experiência humana em seus aspectos singulares biográficos, coletivos e transgeracionais. A saúde mental pode ser definida como um bem-estar emocional, psicológico, sociocultural e espiritual de um indivíduo ou grupo ou, segundo uma visão mais abrangente, de um sujeito inserido em seu contexto social.

De acordo com o National Center for Complementary and Integrative Health do National Institutes of Health(https://www.nccih.nih.gov/) questões relacionadas ao comprometimento da saúde mental são comuns, afetando cerca de um quarto dos adultos em um determinado ano e quase metade dos adultos em algum momento de suas vidas.

O desenvolvimento de recursos internos (pessoais, também denominados soft-skills) e externos (interpessoais e relativos ao meio ambiente) que possibilitem o cultivo da resiliência comunitária, da compaixão, do otimismo, da sustentabilidade do planeta, da solidariedade e do sentimento de pertencimento à dimensão da Humanidade são aspectos multifatoriais decisivos para a promoção da saúde mental.Cuidados de prevenção e tratamento adequados e acessíveis aos transtornos mentais implicam, portanto, necessariamente, a compreensão do sofrimento psíquico como parte da vida, assim como o trabalho em prol de uma prática efetivamente inclusiva, que contribua para a diluição de preconceitos, julgamentos e rejeições ainda tão frequente na sociedade.

Como compreender e praticar a integração entre a saúde mental e a espiritualidade?

Esta é a questão chave, o desafio para os teóricos e para os profissionais do cuidado. Este Comitê se propõe a aprofundar essa pergunta, complementando com outras, de forma a ampliar conceitos e estruturar uma prática de saúde mental centrada no paradigma da unidade corpo-mente-consciência-espiritualidade.  Como entender essa unidade e não a perder de vista na relação com a pessoa e com a comunidade?        Diferentes Práticas Integrativas em Saúde, tais como a Terapia Transessencial, a terapia comunitária integrativa e mindfullness e diversas outras,    ….  cujo cerne é a autotransformação, podem ser exemplos de abordagem que responda essa questão.

Referências Bibliográficas

ALPER, M. The God part of the brain. Naperville: Sourcebooks. 2008.

CAMAROTTI, H. Superando a depressão à luz da Terapia Transessencial. Curitiba: Editora Appris. 2018.

CLONINGER, C.R. The evolution of human brain functions: the functional structure of human consciousness. Aust NZ J Psychiat.43:994-1006.2009

CLONINGER, C.R. A importância da consciência ternária para superar as inadequações da psiquiatria contemporânea. Rev Psiq Clín.40(3):110-3. 2013

DAVIDSON, R. J e BEGLEY, S. The emocional life or your brain. New York: Plume Book. 2013.

DI BIASE, Francisco. Ciência, Consciência e espiritualidade: uma visão unificadora. Simpósio Nacional sobre Consciência. Anais Fundação Ocidente. 2007

ECCLES, J.C. Cérebro e Consciência. Lisboa: Instituto Piaget. 1994b.

GERBER, R. Medicina vibracional: uma medicina para o futuro. 10 ed. São Paulo: Pensamento Cultrix Ltda, 2007. Disponível em: https://www.skoob.com.br/livro/pdf/medicina-vibracional–uma medicina-para-/livro:52155/edicão:57319

JUNG, C.G. O livro vermelho. Petrópolis: Editora Vozes. 2017.

KOENIG, H. G. Medicina, Religião e Saúde. Porto Alegre: L&PM. 2015

LUCHETTI, G. e cols. Espiritualidade na prática clínica: o que o clínico deve saber? Rev Bras Clin Med 8(2):154-8. 2010.

MOREIRA-ALMEIDA, A. e LUCHETTI, G. Panorama das pesquisas em Ciência, saúde e espiritualidade. Cienc. Cult. vol 68 no.1 São Paulo Jan/Mar. 2016.

KABAT-ZINN, J. Full catastrophe living: using the wisdom of your body and mind to face stress, pain, and illness.  Delta Trade Paperbacks, 1991.

WILLIAMS,M.G. e cols. The mindful way through depression: freeing yourself from chronic unhappiness. Guilford Press, 2007

MOREIRA-ALMEIDA, A. e LUCHETTI, G. Panorama das pesquisas em Ciência, saúde e espiritualidade. Cienc. Cult. vol 68 no.1 São Paulo Jan/Mar. 2016.

NEWBERG, A. e WALDMAN, M. How God changes your brain. New York: Ballantine Books Trade Paperbacks. 2009.

NEWBERG, A. e WALDMAN, M. R.  How Enlightenment Changes Your Brain: The New Science of Transformation. New York: Editora Avery. 2016.

NICOLELIS, M. Made in Macaíba.   Editora Crítica. 2020.

PARGAMENT, K. Spirituality Integrated Psychotherapy. New York: The Guilford Press. 2011

PULCHALSKI, Christina M. The hole of spirituality health care. BUMC Proceedings, Waco v. 14 n.4p. 352-357, 2001. Proc (Bayl Univ Med Cent).  Oct; 14(4): 352–357 2001

Jornais e Periódicos de Circulação Internacional:

Mindfulness (Journal): https://www.springer.com/journal/12671 .

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