Janeiro é marcado como o Mês da Consciência para Saúde Mental, fazendo um chamado para a importância de práticas que ajudam a promover o autocuidado, especialmente no combate a estresse, ansiedade e depressão. Uma reportagem no Jornal Hoje, da Rede Globo abordou os benefícios da Terapia Comunitária Integrativa (TCI), metodologia inovadora criada pelo psiquiatra Adalberto Barreto, Coordenador do Comitê Científico de Saúde Mental e Espiritualidade do Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (CABSIN).
Olhares do mundo todo para a TCI
A reportagem ressalta os impactos positivos dessa metodologia no fortalecimento emocional e na promoção de redes de solidariedade, especialmente em comunidades vulneráveis. Dr. Adalberto Barreto falou do valor da escuta ativa e do vínculo humano como fundamentos para enfrentar desafios emocionais. Em 2017, a TCI foi incluída na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC), sendo oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS).
Adalberto celebra o reconhecimento da prática como meio de dar suporte aos pacientes. “A TCI reforça que a saúde emocional e espiritual não pode ser vista de forma isolada; é uma construção coletiva, enraizada na solidariedade e na troca de experiências. Estar junto, em comunidade, é fundamental para o bem-estar. O que muitas pessoas precisam não é de um remédio, mas de um espaço para serem ouvidas e acolhidas”.
A reportagem também mostrou que a prática atrai a atenção de especialistas internacionais. 42 Pesquisadores da Universidade Harvard visitaram o projeto em Fortaleza, afirmando que a metodologia é um exemplo global de criatividade em saúde pública e uma inspiração para políticas de saúde mental. “É uma aula de criatividade em saúde pública e um exemplo de como o cuidado comunitário pode transformar vidas”, afirmou a professora Márcia Castro, pesquisadora de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA).
Além da TCI, a matéria jornalística destacou a importância das práticas integrativas em geral, como massagens terapêuticas, atendimentos individuais e grupos de acolhimento, todos realizados sem o uso de medicamentos alopáticos. Essa abordagem não apenas alivia os sintomas emocionais e físicos, mas também promove o empoderamento dos participantes por meio da troca de saberes e experiências.
Como surgiu a Terapia Comunitária Integrativa?
A história da Terapia Comunitária Integrativa remonta aos anos 1980, quando o Dr. Adalberto Barreto, psiquiatra e professor da faculdade de medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi procurado por seu irmão advogado. Atuando em um centro de direitos humanos do Pirambu, na maior favela de Fortaleza (CE), ele relatava a crescente demanda de pessoas em busca de medicamentos para problemas emocionais, como insônia e depressão.
Sem acesso a tratamento especializado, o Dr. Barreto propôs algo simples, mas transformador: reunir as pessoas da comunidade para um momento de escuta e diálogo. Aproximadamente 30 pessoas participaram do primeiro encontro, todas pedindo remédios, mas foi ali que ele percebeu que, mais do que medicamentos, a comunidade carecia de acolhimento. “Foi ouvindo o outro que encontramos forças para começar a pensar em soluções coletivas”, relembra o Dr. Barreto.
A prática ganhou força quando a Pastoral da Criança, sob a liderança da Dra. Zilda Arns, reconheceu o potencial da TCI para fortalecer comunidades. Em parceria com a Universidade Federal do Ceará, a metodologia foi ampliada, formando mais de 3 mil agentes de saúde em práticas de resgate da autoestima, massoterapia e cuidado com cuidadores, consolidando a TCI como uma ferramenta de impacto nacional. A expansão internacional da TCI alcançou 46 países, formando mais de 60 mil terapeutas em comunidades ao redor do mundo. Reconhecida como uma ferramenta de fortalecimento social e emocional, a prática tem sido adaptada a diferentes contextos culturais, destacando sua versatilidade e impacto global em populações vulneráveis.
Metodologia para a Escuta
A Terapia Comunitária Integrativa acontece em rodas de conversa, onde todos os participantes têm o direito de compartilhar suas vivências em um ambiente livre de julgamentos. Um caso apresentado é escolhido para aprofundamento, e os participantes compartilham como enfrentam desafios similares. Nessa troca de experiências, surgem aprendizados e estratégias de superação que fortalecem o grupo.
Além de promover a saúde emocional, a metodologia também integra a arte, a música e a memória cultural dos participantes, valorizando o saber popular. “A sabedoria da comunidade é o remédio mais poderoso. O terapeuta comunitário é apenas o facilitador desse processo de cura”, explica o Dr. Barreto.
A eficácia da TCI também foi comprovada em pesquisas realizadas em parceria com o Ministério da Saúde e a Secretaria Nacional Antidrogas, revelando que mais de 80% dos participantes resolveram seus problemas apenas com a terapia, sem necessidade de intervenção medicamentosa. Esses dados, obtidos por meio de estudos realizados entre 2004 e 2012 em parceria com o Ministério da Saúde e a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), destacam a TCI como uma abordagem eficaz para acolhimento de pessoas em sofrimento emocional e usuários de drogas em tratamento.
O Comitê Científico de Saúde Mental e Espiritualidade do CABSIN
No contexto brasileiro, o Comitê Científico de Saúde Mental e Espiritualidade do CABSIN é uma das principais plataformas para a promoção e pesquisa sobre a TCI. Coordenado pelo Dr. Adalberto Barreto, o Comitê reúne especialistas de diversas áreas, promovendo o diálogo entre ciência, espiritualidade e práticas integrativas. O Comitê realiza reuniões mensais abertas ao público, onde pesquisadores e profissionais compartilham experiências sobre práticas integrativas e novas abordagens em saúde mental. Os encontros, disponibilizados no canal do CABSIN no YouTube, são uma plataforma para democratizar o conhecimento e conectar diferentes saberes. Desde 2023, o Comitê vem abordando temas como saúde mental em comunidades indígenas e o papel das terapias integrativas no acolhimento de migrantes.
“O Comitê é uma ponte entre o saber acadêmico e a experiência prática das comunidades. Nosso papel é garantir que práticas como a TCI sejam reconhecidas, estudadas e aprimoradas para atender as demandas de saúde mental de maneira ampla e inclusiva”, afirma o Dr. Barreto.
Conheça mais
Conheça mais sobre a Terapia Comunitária Integrativa e sua aplicação no cuidado à saúde mental acessando a reportagem no site da emissora. Para explorar as iniciativas do Comitê Científico de Saúde Mental e Espiritualidade do CABSIN, visite a página.
Quer aprofundar seus conhecimentos? Acesse a playlist de aulas sobre Saúde Mental e Espiritualidade no canal do YouTube do CABSIN, disponível em Saúde Mental e Espiritualidade no YouTube.


